O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, permanece internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após apresentar uma arritmia cardíaca no último fim de semana. O episódio ocorreu de forma súbita, exigindo avaliação imediata e monitoramento contínuo.
Após os primeiros exames, a equipe médica concluiu que será necessário realizar uma ablação, procedimento utilizado para corrigir falhas no sistema elétrico do coração.
Ludhmila Hajjar, responsável pelo acompanhamento, afirmou em boletim que os exames indicaram a necessidade de uma intervenção “para correção definitiva do distúrbio do ritmo cardíaco”. O procedimento está previsto para ocorrer com o passar desta semana, enquanto o governador segue estável, consciente e clinicamente bem.
De acordo com fontes, Caiado deu entrada no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, em 22 de novembro de 2025, após apresentar alterações no ritmo cardíaco. Sua ablação está marcada para a manhã do dia 24 de novembro.
O que acontece no coração durante uma arritmia
Para entender por que a ablação foi indicada, o cardiologista e professor da UFG Weimar Kunz Sebba Barroso, vice-presidente da Sociedade Interamericana de Cardiologia, explicou ao g1 que o coração funciona como um sistema elétrico complexo.
Esse sistema é formado por uma rede de condução, comparável a uma “fiação”, responsável por manter a frequência e a regularidade dos batimentos.
Quando algum ponto dessa rede dispara impulsos de forma desordenada, surgem as arritmias, que podem variar de simples a graves. Em casos leves, medicamentos podem controlar o ritmo cardíaco. Mas quando há suspeita de um foco elétrico específico causando a alteração, o paciente passa por um estudo eletrofisiológico, exame que mapeia a atividade elétrica interna do coração.
Segundo Barroso, esse mapeamento identifica com precisão “os focos que estão gerando a arritmia”, informação essencial para decidir se a ablação é o tratamento mais adequado.
Como funciona a ablação cardíaca
A ablação é considerada um procedimento minimamente invasivo. Não exige cortes cirúrgicos tradicionais: os médicos inserem cateteres por vasos sanguíneos, geralmente na virilha ou no braço, até alcançar o interior do coração.
Lá dentro, eles localizam o ponto responsável pela arritmia e aplicam energia, normalmente por radiofrequência, para destruir o pequeno tecido que dispara impulsos irregulares.
De acordo com o especialista, “depois que identificamos o foco, posicionamos os cateteres e fazemos a ablação, eliminando o tecido anormal que está gerando a arritmia”. Quando esse foco é único e bem definido, o procedimento pode ser curativo. Em outros casos, melhora significativamente o controle do distúrbio, reduzindo sintomas e diminuindo a necessidade de medicamentos.

A intervenção costuma durar poucas horas e, em grande parte dos pacientes, a alta ocorre entre 24 e 48 horas após o procedimento.
Recuperação e retorno às atividades
A recuperação pós-ablação geralmente é rápida, embora varie conforme o tipo de arritmia e o impacto do procedimento. Em arritmias consideradas simples, o retorno ao dia a dia costuma ser quase imediato. Já em casos mais complexos, a retomada deve ser gradual.
O cardiologista Barroso explica que, em média, “cerca de quatro semanas são necessárias para que o paciente retorne completamente à normalidade”. A orientação final depende dos exames pós-procedimento e da resposta individual do coração ao tratamento.
No caso de Caiado, a tendência é que o retorno às atividades públicas seja progressivo, seguindo os critérios de segurança recomendados pela equipe médica.
Procedimento ocorre em meio à agenda política
A internação do governador aconteceu no mesmo dia em que ele comentou publicamente a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, fato que gerou intensa repercussão nacional. Apesar do contexto político agitado, a prioridade agora é sua recuperação.
Imagens recentes mostram Caiado com pontos na mão durante um evento em Goiânia, indicando procedimentos vasculares prévios. O histórico cardíaco do governador inclui cirurgias e internações anteriores, o que exige acompanhamento rigoroso.
Com a indicação de ablação, a expectativa é de que o procedimento estabilize definitivamente o ritmo cardíaco e reduza o risco de novos episódios.













