O Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita, instituído em 2010 e celebrado neste dia 12 de novembro, marca uma data de conscientização essencial para a saúde cardiovascular no Brasil. A iniciativa, apoiada pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), tem como objetivo alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado das alterações no ritmo do coração; condições que podem ser silenciosas, mas potencialmente fatais.
Segundo a SOBRAC, estima-se que 20% das mortes naturais no país sejam causadas por morte súbita cardíaca, muitas vezes associada a arritmias não diagnosticadas. Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que as arritmias sejam responsáveis por mais de 6 milhões de mortes por ano.
Essas condições afetam desde jovens atletas até idosos, e podem surgir tanto em corações saudáveis quanto em pessoas com doenças estruturais, como insuficiência cardíaca ou cardiopatia isquêmica.
Arritmia: um distúrbio que pode ser silencioso
As arritmias ocorrem quando há alterações na condução elétrica do coração, fazendo com que ele bata rápido demais, devagar demais ou de forma irregular. Entre as mais comuns estão a fibrilação atrial, o flutter atrial, as taquicardias ventriculares e as bradiarritmias. A fibrilação atrial, em especial, é considerada um dos principais fatores de risco para acidente vascular cerebral (AVC), podendo aumentar em até cinco vezes a probabilidade de um evento neurológico grave.
O grande desafio, segundo especialistas, é que muitas arritmias são assintomáticas. Quando há sintomas, eles costumam se manifestar como palpitações, tontura, desmaios, dor torácica ou sensação de “coração acelerado”. O eletrocardiograma (ECG) continua sendo o exame mais simples e eficaz para detectar irregularidades elétricas, mas o uso crescente de monitoramentos prolongados, como o Holter de 24 horas e os dispositivos vestíveis, vem ampliando a capacidade diagnóstica.
Avanços no diagnóstico e tratamento
Nos últimos anos, o diagnóstico precoce ganhou apoio de tecnologias portáteis, como smartwatches com sensores cardíacos, que podem identificar alterações compatíveis com arritmias e emitir alertas automáticos. Embora esses dispositivos não substituam o exame médico, estudos como o publicado no European Heart Journal em 2024 mostraram que eles ajudam a reduzir o tempo entre o primeiro sintoma e a detecção clínica, especialmente em jovens e adultos ativos.
O tratamento depende do tipo e da gravidade da arritmia. Pode envolver uso de medicamentos antiarrítmicos, implante de marcapasso ou cardiodesfibrilador e ablação por cateter, um procedimento minimamente invasivo que corrige circuitos elétricos anormais no coração. No Brasil, segundo a SOBRAC, a ablação já é realizada em centros públicos e privados, com taxas de sucesso acima de 90% em casos selecionados.
Conscientização e prevenção
Em alusão ao Dia Nacional, a SOBRAC promove anualmente a campanha “Coração na Batida Certa”, com ações educativas em praças, hospitais e escolas, além de atendimento gratuito para triagem de arritmias. O foco é estimular a população a monitorar a frequência cardíaca, procurar atendimento médico diante de sintomas persistentes e manter hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e controle do estresse.
O cardiologista e eletrofisiologista Dr. Ricardo Alkmim, da SOBRAC, explica que “a morte súbita pode ser evitada em grande parte dos casos quando há diagnóstico precoce e acompanhamento adequado. O problema é que muitas pessoas desconhecem que têm arritmia até o primeiro episódio grave”.
Um compromisso com a vida
A data de 12 de novembro reforça a importância da educação em saúde e da vigilância contínua dos fatores de risco cardiovasculares. O combate às arritmias não depende apenas de tecnologia, mas também de consciência populacional e acesso à atenção básica. Com o envelhecimento da população e o aumento de condições como hipertensão e diabetes, especialistas alertam que o número de casos pode crescer nos próximos anos, tornando a prevenção ainda mais urgente.
A mensagem do Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita é clara: detectar cedo é salvar vidas. O coração pode dar sinais discretos; e ouvi-los a tempo faz toda a diferença.
